“ACABAVA DE PERDER PODERES SOBRE O MEU CORPO”: O RITUAL DE VIUVEZ EM NIKETCHE COMO CONFLITO ENTRE A UNIVERSALIDADE E O RELATIVISMO DOS DIREITOS HUMANOS

Autores

  • Engledy Silva Braga de Oliveira Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil
  • Cristiane de Almeida Santa Rosa Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
  • Adja Carolline Souza Menezes Universidade Federal de Pernambuco, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.46550/cadernosmilovic.v3i1.111

Palavras-chave:

Direitos Humanos, Ritual de viuvez. Paulina Chiziane.

Resumo

O presente artigo analisa o ritual de viuvez representado na obra Niketche – Uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane, como expressão de violência simbólica e material contra a mulher, tendo como sustentação das discussões o conflito entre o universalismo e o relativismo dos direitos humanos. A narrativa acompanha Rami, mulher moçambicana que, após ser abandonada por um marido polígamo, foi submetida a ritos fúnebres humilhantes, impostos por normas tradicionais que negam a autonomia física, patrimonial e afetiva da mulher. A partir de uma abordagem qualitativa, foram analisados trechos da obra com ênfase no rito de viuvez e confrontados com conceitos relacionados aos direitos humanos e com instrumentos normativos de proteção às mulheres africanas. A pesquisa demonstrou que a literatura de Chiziane denuncia a opressão feminina disfarçada de tradição, ao mesmo tempo que dá voz à mulher como sujeito de direitos. Por fim, o trabalho conclui que a superação de práticas tradicionais violentas exige um diálogo intercultural que articule o respeito à diversidade com a garantia inegociável da dignidade humana, evidenciando a potência da linguagem literária como espaço de proposição de reflexões críticas de resistência e transformação.

Publicado

2025-08-27

Edição

Seção

DOSSIÊ - POÉTICAS DA JUSTIÇA: INTERSECÇÕES ENTRE FILOSOFIA, DIREITO E ARTE