“ACABAVA DE PERDER PODERES SOBRE O MEU CORPO”: O RITUAL DE VIUVEZ EM NIKETCHE COMO CONFLITO ENTRE A UNIVERSALIDADE E O RELATIVISMO DOS DIREITOS HUMANOS
DOI:
https://doi.org/10.46550/cadernosmilovic.v3i1.111Palavras-chave:
Direitos Humanos, Ritual de viuvez. Paulina Chiziane.Resumo
O presente artigo analisa o ritual de viuvez representado na obra Niketche – Uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane, como expressão de violência simbólica e material contra a mulher, tendo como sustentação das discussões o conflito entre o universalismo e o relativismo dos direitos humanos. A narrativa acompanha Rami, mulher moçambicana que, após ser abandonada por um marido polígamo, foi submetida a ritos fúnebres humilhantes, impostos por normas tradicionais que negam a autonomia física, patrimonial e afetiva da mulher. A partir de uma abordagem qualitativa, foram analisados trechos da obra com ênfase no rito de viuvez e confrontados com conceitos relacionados aos direitos humanos e com instrumentos normativos de proteção às mulheres africanas. A pesquisa demonstrou que a literatura de Chiziane denuncia a opressão feminina disfarçada de tradição, ao mesmo tempo que dá voz à mulher como sujeito de direitos. Por fim, o trabalho conclui que a superação de práticas tradicionais violentas exige um diálogo intercultural que articule o respeito à diversidade com a garantia inegociável da dignidade humana, evidenciando a potência da linguagem literária como espaço de proposição de reflexões críticas de resistência e transformação.
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