A DÁDIVA ABSOLUTA DO NÃO-SABER
DOI:
https://doi.org/10.46550/cadernosmilovic.v3i2.130Resumo
O texto desenvolve uma reflexão filosófica de cunho ontológico e antropológico acerca da distinção entre o “eu” e o “si”, propondo que o acesso ao ser não se dá pelo saber constituído, mas pelo entremeio no qual o ser precede toda decisão lógica, conceitual ou identitária. A partir da noção platônica de metaxis, reinterpretada por autores como Eric Voegelin, Aristóteles, Castoriadis e Roy Wagner, o autor sustenta que o ser é o próprio entremeio, anterior às oposições entre forma e caos, saber e ignorância, humano e divino. Esse entremeio manifesta-se como noûs, compreendido como imaginação primeira, uma “ignorância inteligente” que funda e excede todo logos. Contra o princípio da razão suficiente e a lógica do terceiro excluído, propõe-se a noção de “forma esquizofrênica” — ou “forma holográfica” — como alusão ao caráter indecidível, poético e ficcional do real. O texto argumenta ainda que mito e razão não se opõem, pois tododo logos é também mythos, e que toda realidade ordenada é uma construção apolínea erigida sobre a embriaguez originária do caos dionisíaco. Nesse horizonte, a filosofia não se define pela utilidade, mas como cuidado do não-saber e do silêncio que torna possível a criação de mundos, sentidos e povos. Por fim, em um contexto marcado pelo niilismo e pela fragmentação subjetiva produzidos pelo capitalismo contemporâneo, o texto afirma a possibilidade sempre renovada de encontros com o divino, entendido não como entidade teológica, mas como potência de sentido, capazes de inaugurar novas formas de existência, criação e comunidade.
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