A VANGUARDA DO ATRASO
ORNITORRINCO COMO PARADIGMA DA RAZÃO DIGITAL
DOI:
https://doi.org/10.46550/cadernosmilovic.v3i2.133Palavras-chave:
Ornitorrinco digital, Plataformização, Precariedade, Sociedade do desempenho, ColonialidadeResumo
Este ensaio propõe que o Brasil deixou de ocupar a periferia temporal do capitalismo para tornar-se seu laboratório avançado. A partir da metáfora do Ornitorrinco, de Francisco de Oliveira, argumenta-se que a combinação brasileira de alta tecnologia, informalidade estrutural e superexploração não representa um atraso histórico, mas o paradigma emergente da razão digital. A plataformização do trabalho universaliza uma lógica que o Brasil conhece há séculos: a fusão entre vida nua, precariedade e eficiência econômica. Dialogando com Byung-Chul Han, Walter Benjamin, Mbembe e Milovic, o texto sustenta que o “sujeito do desempenho” encontra, no Sul Global, sua expressão mais radical — não como neurose do sucesso, mas como luta pela sobrevivência. A estética digital da periferia, capturada pelo algoritmo como commodity global, reforça um regime de visibilidade que estetiza a miséria e neutraliza sua potência política. Ao deslocar a soberania para o código e substituir o Direito pela programação, o capitalismo de plataforma realiza a universalização do Ornitorrinco. O ensaio conclui que o Brasil não é o passado do capitalismo, mas seu futuro — um futuro onde a modernidade alcança sua forma mais brutal ao transformar o colapso social em motor de acumulação.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Rafael Amaral Vieira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.